A visita que fiz ao Centro de Artes de Sines, era uma coisa que há muito havia agendado, mas que infelizmente ainda não tinha conseguido realizar.
Embora já muito se tenha escrito, devo dizer que espantou-me o movimento 'abaixo-a-montanha-do-rato-que-mais-feio-era-impossível' que há alguns meses se lançou (contra o projecto para um edifício no Largo do Rato dos arquitectos Francisco e Manuel Aires Mateus) e que de certo modo me pressionou a tratar desta correlacionada resolução.
Os projectos deste atelier sempre me surpreenderam, atendendo ao seu trabalho manifestamente coerente e abordagens extremamente pragmáticas.
As suas intervenções de linguagem muito clara e concisa, logo desde uma ampla e vital escala territorial, podem a meu ver também, surjir por vezes um pouco oucas e mentirosas na sua execução e materialização. Transformando um ideia inicial que se desejava muito generosa, maciça e gravítica, fazer na prática parecer um mero exercício de virtude formalista.
Senti alguma angústia em perceber que a discórdia que motivou até não-arquitectos a exercer um olho clínico perante o projecto de arquitectura, fundar-se na 'ilusão do gosto' como única fronteira eleita de critério perante o projecto.
A minha crescente preocupação fica relacionada, em suma, com a ideia de bloqueio que este movimento-tipo gera e gerou. Ideia essa oposta a uma participação activa, civicamente desejável, relativamente ao desempenho do projecto na cidade.
Este fenómeno aqui desencadeado, explica algo incomensuravelmente mesquinho no nosso devir enquanto cidadãos a meu ver... e apetece-me apenas comentar, que sobre o vastíssimo panorama de arquitectos da actualidade portuguesa, podemos quase contar pelos dedos, aqueles que o 'grande público' pode-se orgulhar de conhecer ou apenas ter ouvido falar, por muita pena minha.
E que já não bastassem para as complicações absurdas que os projectos teêm que passar nos processos camarários para agora adicionar-se esta atitude hiper-crítica constrangedora e desmoralizadora para qualquer promotor que esteja interessado em investir na cidade de Lisboa.
Resta saber que mais ideias-bloqueio destas surgirão quando as restantes obras destes ou doutros arquitectos - realmente transformadoras da cidade de Lisboa - avançarem? - Isto já tem vindo a uma velocidade alucinante, mais vale por um travão completo, não vá a coisa descontrolar-se.
20080920
a-Centro de Artes de Sines II
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